Uruguai
realiza sua primeira colheita legalizada de cannabis
© AP
Photo/ Matilde Campodonico
A política adotada no Uruguai para legalizar e
regulamentar o mercado da maconha deu um novo passo com a primeira colheita
legal da cannabis no país.
A primeira safra lícita de
maconha desde que a lei foi aprovada em Dezembro de 2013, é também a melhor,
afirmaram os produtores, que enfatizaram o respeito em todos os pormenores ao
enquadramento às leis, que ainda estão em processo de plena implementação.
Carlos
Lebrato / FA
A presidenta da Associação de Estudos de Cannabis
do Uruguai (AECU), Laura Blanco disse que "é a melhor colheita dos últimos
10 anos" e enfatizou que "em quantidade, mas principalmente em
qualidade." No entanto, não há dados sobre o volume colhido, porque nem
todos os plantadores estão registrados ainda.
De acordo com o diretor da Junta
Nacional de Drogas (JND), órgão do governo, Milton Romani, os produtores
domésticos são mais de 2.300 e existem 15 clubes de filiação, disoiníveis para
integrar os usuários ao sistema.
A lei estabelece que os
plantadores domésticos possam ter até seis plantas e devam registrar-se no Instituto
de Regulação e Controle de Cannabis (IRCCA).
Os clubes devem registrar-se no
Ministério da Educação e Cultura, devendo ter entre 15 e 45 membros e um máximo
de 99 plantas, enquanto o quinhão para cada membro não pode exceder 480 gramas
por ano.
A lei prevê que os consumidores
que não tenham interesse nestas formas de cultivo possam comprar, com registro
prévio, até 40 gramas por mês nas farmácias. Todavia este método não está
totalmente regulamentado e ainda não há previsão para que esteja.
A qualidade da colheita é devida
ao tempo e à experiência para cortar a planta no momento certo, de acordo com
Blanco.
"Foi o verão mais seco (dos
últimos anos) e os produtores não se apressaram em cortar e puderam esperar que
a planta amadurecesse, coisa que nem sempre se pode fazer porque abril e maio
são meses em que chove muito."
A chuva pode prejudicar a
produção na etapa final, porque "quando a flor está mais espessa e mais
gorda demora em secar e o fungo se reproduz mais facilmente", explicou a
presidenta da Associação à qual pertence o primeiro produtor registado perante
o Estado uruguaio.
Romani disse à Sputnik que a lei
"tem como objetivo principal uma articulação transversal que assegure a
luta contra o crime organizado, a lavagem de dinheiro e a corrupção, a gestão
dos bens apreendidos para uso em prevenção, saúde e combate ao tráfico de
drogas ".
A JDN garante a "prevenção,
tratamento, cuidados comunitários, inclusão social e reintegração" dos
usuários com problemas e adictos, e também realiza "pesquisa, avaliação
política e um observatório de drogas", acrescentou.
Romani insistiu que
"regulamentar os mercados implica em trabalhar intensamente na prevenção,
educação e mudança cultural para conscientizar sobre os riscos e gerar
as ferramentas para a gestão comum destes."
Em 16 de maio, agricultores e
consumidores de cannabis realizaram marchas em comemoração a primeira colheita
legal.
Segundo Bruno Calleros, do
Movimento para a Liberação da Cannabis, em Montevidéu, mobilizaram-se entre
4.000 e 5.000 pessoas.
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REUTERS/ Andres Stapff
Também houve celebrações no interior do país, disse
à Sputnik o presidente da Federação de Produtores de Cannabis do Uruguai, Julio
Rey, que visitou várias cidades.
A marcha foi declarada de
interesse nacional pelo Ministério da Educação e Cultura e reivindicou que a
fiscalização dos plantadores fique a cargo do Instituto de Regulação e Controle
de Cannabis (IRCCA), criado por lei.
Calleros falou à Sputnik que sua
organização está trabalhando com o Ministério do Interior para padronizar
procedimentos e "mudar a mentalidade da polícia contra a maconha".
Romani enfatizou que trabalham
"como sempre no tema das drogas com os juízes, fiscais e defensores e
também com a polícia, afim de que integrem-se à nova lei".
A medida que se abrem espaços
legais, multiplicam-se lojas especializadas em diferentes produtos relacionados
a cannabis. No entanto, estas lojas não estão autorizadas a vender a cannabis
(que só pode ser vendida em farmácias), enquanto que as outras opções para
ter acesso são o cultivo doméstico e os clubes.
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